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Carta ao editor

Brincar a aprender

 

Carlos Neto

 

"O mundo mudou muito rapidamente e vivemos uma transição híbrida entre a necessidade de retomar uma visão mais naturalista da vida e por outro lado a convivência com uma sociedade digital que veio para ficar. Esta questão implica uma reflexão urgente sobre os modos de funcionamento da família, da escola e da comunidade. Principalmente a educação nas primeiras idades necessita de ser reformulada na perspetiva de desafios futuros da humanidade. O comportamento de brincar é poderoso na explicação deste processo complexo no desenvolvimento humano e pode explicar este paradoxo entre uma sociedade sedentária e uma sociedade digital. Brincar (jogo exploratório) é um comportamento inútil (e por isso é coisa séria), de escolha livre, intrinsecamente motivado, pessoalmente dirigido e ancestral na vida do homem, e deste modo, muito importante na constru-ção das estruturas internas do organismo e na formação de identidades ao longo da vida. Brincar permite desenvolver a capacidade de exploração e adaptação (motora, emocional, cognitiva e social), de confronto com o risco e a adversidade, aprendizagem, regulação e controlo emocional, autoestima, imaginação e fantasia. Todos os animais que têm uma infância prolongada (como é o caso da vida humana) têm necessidade de investir muito tempo de jogo durante a infância enquanto ferramenta de aprendizagem e adaptação para situações incertas e imprevisíveis na vida adulta."

DOI: dx.doi.org/10.21281/rptf.2015.04.03

 
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