RPTF | VOLUME 8 | ANO VI
Carta ao editor
Educomunicação e inclusão
Augusto Deodato Guerreiro
«Sempre que registo ideias mais consistentes em qualquer tipo de suporte (intelecção, papel, digital...), sinto-me revigorado e naturalmente consolidado, sob o ponto de vista semântico e significacional ao nível teórico-empírico, pelos diferentes dicionários que, nos mais variados contextos, tenho vindo a armazenar e a ordenar no meu sótão cognitivo de arquivos interativos, nos quais pesquiso e requisito em simultâneo as ajustadas informações e unidades linguísticas necessárias à fundamentação do que penso e sistematizo, escrevendo essas ideias e incorporando-as numa visão holística e formal dos fenómenos sociais e humanos.» (Guerreiro, 2017).
É nesta perspectiva que, com imensa honra e grata satisfação, venho partilhar com o Editor e com os Leitores desta magnífica e singular Revista científica em Portugal (a «Revista Portuguesa de Terapia da Fala») uma sucinta reflexão sobre a importância da inter-relação entre a educação comunicativa e a comunicação educativa, aligeiradamente conceituando-a, discutindo-a e problematizando-a como educomunicação inclusiva e como forma de irmos encontrando o caminho mais natural e efetivo para um desejável mundo de pluralidade e diversidade humana, assim procurando fortalecer a solidariedade e a partilha, a harmonização social e a dinamizada humanização da vida para todos, em que nos possamos sentir atuantes e a concretizar propósitos frutíferos em comunhão num ideal paradigmático onde todos tenhamos dignamente lugar.
É nesta dimensão que, e sem pretendermos ser redundantes, só com generosidade, amor e justiça, afeto e gratidão, usando naturalmente as diferenças uns dos outros para suprir as dificuldades uns dos outros, e promovendo o direito à participação social, a solidariedade e a partilha, a harmonia e a equidade, a paz e a esperança para humanizar a vida e o mundo global, se é seareiro de abundância e felicidade. É neste contexto que, sustentamos, sorrir às adversas intempéries sociais que nos afrontam é fortalecer a estrutura intrínseca e a espiritualidade do bem-estar e da humanização da vida, razão por que só há relação social continuada desde que assente na vital infocomunicação emocional e afetiva.
Escrevíamos no dia 23 de Dezembro de 2016, no Hospital da Luz, em Lisboa, que: «Há sofás de conforto na vida em que nos sentamos a cogitar e a concretizar só em função do nosso umbigo, contemplando-o em sobreposição a tudo e a todos. Mas também há sofás de conforto na vida por que vamos passando e neles marcando lugar para sentar os que não parecem ter lugar na vida.»
Também aqui escrevíamos, nesta mesma data, que:«O Natal é um conceito inclusivo em que nos solidarizamos e partilhamos no fim de cada ano... Mas é urgente a sua implantação nos nossos corações e ações em cada segundo da vida.». Pois bem, este é o espírito inclusivo que imprimi-mos neste breve, mas muito sentido contributo cien-tífico, como viva homenagem à altamente prestigiada Revista em referência.
DOI: dx.doi.org/10.21281/rptf.2015.04.03